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Maria Gabriela Silva

pensamentos sobre ubiquidade computacional

Visão geral

A ubiquidade computacional é um termo que se refere à inserção e onipresença de computadores no cotidiano das pessoas, de forma que não sejam percebidos e se tornem constantes na rotina. Além disso, esses dispositivos invisíveis otimizariam a experiência dos indivíduos nos ambientes em que estivessem inseridos.

A título de exemplo, pode-se pensar nas "casas inteligentes", com sistemas integrados que são adaptados às necessidades humanas, de modo a facilitar e dinamizar tarefas simples como controlar a luz, as portas ou a temperatura conforme a presença do morador ou do horário. Mais que isso, essa tecnologia se mostra bastante positiva em relação ao potencial de acessibilidade, como no caso de um homem que ficou tetraplégico e começou a automatizar seu cômodo, a fim de ser mais independente na realização de coisas simples, como ligar a TV. Ele faz isso por meio do eye tracking, uma tecnologia que permite realizar ações e dar comandos em telas através do movimento dos olhos. (link para a reportagem "Casas inteligentes: cresce a automação residencial no Brasil")

Não somente fixo em um ambiente, a computação ubíqua é algo aplicável também em contextos móveis que conversam entre si. Em um exemplo um pouco mais fantasioso, é perceptível o vasto uso dessa tecnologia com elementos próximos da nossa realidade atual:

"Uma jovem executiva tem uma viagem de negócios programada para o final da manhã. Cedo, em seu escritório, ela revê e ajusta sua apresentação, diretamente no tampo de sua mesa, que ao mesmo tempo exibe um canal de notícias ao vivo e outras informações usadas rotineiramente. Quando o seu táxi, previamente agendado, está a 15 minutos do seu local de trabalho, o aplicativo agenda a informa deste fato, de maneira que ela possa se preparar para sair, transferindo a visualização da apresentação para seu smartphone. Enquanto desce de elevador, ela recebe uma chamada de sua amiga, atendendo sem manipular diretamente o aparelho, pois seu casaco, integrado ao mesmo, possui microfone e alto-falantes embutidos na gola. [...] Ao chegar no aeroporto, o pagamento é realizado por meio da transferência de créditos, autorizada biometricamente por meio do smartphone. Entrando no saguão, ela ouve por meio do casaco, que seu vôo está no horário, mas foi transferido para outro portão de embarque, indicando o caminho que deve ser seguido. Agora ela está tranquila e pode saborear um café enquanto aguarda sua viagem. Tudo realizado transparentemente, sem uso direto de computadores." (JUNIOR, 2011).

Fonte: link incorporado na imagem.
 

Reflexões

Apesar de ser um conceito interessante e com diversas aplicações úteis que potencializam a vida das pessoas ao integrar os computadores no cotidiano, há algumas questões que me fazem refletir sobre o assunto e ir além.

No momento em que vivemos, é quase que impossível fugir da informática. Mesmo que um indivíduo não use muito a internet ou não tenha acesso constante a aparelhos eletrônicos, é bem provável que frequente ou já tenha frequentado espaços lotados com essas tecnologias. A proposta de inserir mais ainda computadores no habitual, de maneira imperceptível, aumenta a relação do humano com a máquina, sendo esta usada a seu favor conforme os ambientes que está inserida.

Porém, até onde isso pode alterar a realidade? É uma preocupação um tanto quanto "sci-fi", mas até onde essas tecnologias poderiam avançar quando embutidas no cotidiano? Se não houver um limite nessa incorporação e comece a ocorrer uma sobrecarga de informações oferecidas por esses aparelhos, até onde viveríamos o mundo real de fato? Se pensar muito, pode-se chegar num exagero de toda realidade ser trocada por equipamentos e ações advindas destes. Será que o que hoje em dia é apenas um comando programado para identificar quando ou não deixar uma luz acesa poderia evoluir para todo um ambiente que controla a pessoa, ao invés de ocorrer o contrário?

Parece que estou indo contra os avanços tecnológicos mas, muito pelo contrário, eu os apoio. Isso tudo é apenas uma das reflexões que tive inicialmente ao ser introduzida no assunto. Mesmo que com uma visão inicial bastante dramática e exagerada, tenho consciência dos bens que a ubiquidade computacional pode trazer ao facilitar a relação dos usuários com um ambiente e as possibilidades de otimizar diversas esferas sociais, como a melhoria do ensino em escolas por exemplo.

Contudo, indo mais a fundo, pode-se questionar se todos seriam beneficiados com isso, visto os possíveis gastos com sua implementação integral ao redor do mundo. Pode ser que seja implementada de forma precária ou chegue a faltar em alguns locais, dependendo de algumas condições: do ambiente (países pobres ou regiões mais afastadas dos centros, com pouco acesso à internet); do apoio de esferas mais altas da sociedade (financiamento e manutenção pelo governo ou empresas); da aceitação e domínio dos indivíduos (pessoas com dificuldade de interação com máquinas, como idosos por exemplo); dentre outras questões. Dessa forma, pode-se dizer que, atualmente, a computação ubíqua possa causar um pouco de segregação quando considerados os possíveis impasses citados.

Outro ponto que pensei foi a preservação da identidade das pessoas. Para oferecer uma boa experiência, essas tecnologias dispõem de dados sobre o local e sobre o usuário. Porém, como garantir que essas informações não seriam vazadas ou usadas em outras situações sem o consentimento da pessoa? Até onde seria o limite do conhecimento dessas informações e quando começaria a ser uma invasão de privacidade?

 

Conclusão

Enfim, concluo que a ubiquidade computacional apresenta uma proposta interessante, uma vez que ostenta de diversas possibilidades de aplicação para um bom vínculo entre humano e informática. Creio que, por enquanto, ela se mostra bastante capaz de dinamizar a relação dos usuários com um dado meio e auxiliar em casos específicos, mostrando um potencial muito positivo de uso, como quando pensado em acessibilidade. Contudo, há alguns pontos que me fazem refletir sobre o quão aplicável e abrangente essa tecnologia poderia ser implementada e seus prováveis problemas.

 

Referência:

JUNIOR, Peter. Computação, Ubiquidade e Transparência. Revista Ubiquidade, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 79-94, 2011.

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